As histórias do realejo
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Pelo grupo O Realejo, Teatro da Comuna, Junho 1980
"São raros, neste momento, os grupos não institucionalizados, isto é, que se situam entre o teatro de amadores e o teatro profissional, produzindo espectáculos relativamente marginais à produçâo norma! do nosso teatro independente. Entre os que restam, dois são portuenses: “Rodaviva” que veio há meses a Lisboa, e também à Comuna, como então noticiámos, e o outro, este “O Realejo” que já depois de se ter deslocado a Galiza, veio até cá contar as suas histórïas.
Um espectáculo simples mas não simplista, uma criação colectiva (texto, cenografia, encenação) bem apurada, um bom-gosto de assinalar, tanto a nível plástico como musical, alguma imaginação, referências políticas q.b. - e aí temos um espectáculo agradável de se ver e ouvir, sem pretensões a grande espectáculo mas preenchendo melhor essa função primordial do teatro que é comunicar de que certos grandes espectáculos.
«Sementiga Plum!» inicia-se como uma brincadeira que se vai transformando numa coisa séria, sem no entanto perder esse ar de jogo que justifica tratar-se de um espectáculo para grandes e miúdos. Mesmo assim devo dizer que preferi o grupo sempre que não se tomou a sério (aparentemente) e o espectáculo sempre que não pretendeu dizer coisas sérias. Não porque as coisas sérias não devam ser ditas, mas apenas porque nesse momento o espectáculo adquiriu um ar de já visto, do repetitivo: os baiões, os assobios, as unhas grandes que rebentam os baiões, as batas cinzentas que é como quem diz os sinais que marcam os bons e os maus Com a agravante, ideologicamente perigosa de para vencer os maus como se impunha, serem os bons obrigados a esperar que aqueles adormeçam. Ora, mal de nós se esperássemos que a reacção fechasse os olhos para dar cabo dela. Éramos comidos antes disso.
O espectáculo decorre como um conto em que se contam várias histórias, que são ilustradas através das páginas tridimensionais de um grande livro. O cenário é a reprodução em ponto grande desse livro e, como ele fecha-se no fina!. Eis um bom achado cenográfico.
Os actores mimam, saltam, falam, cantam, como se o fizessem há muito tempo, apesar da sua juventude. Tudo isso é o resultado de um trabalho que levou mais de quatro meses (além dos que já estavam para trás). Um trabalho oculto, ignorado, humilde, que só ê possível, tão desamparado como vive, em quem faz do teatro, da comunicação com o mundo e da sua transformação um oficio do quotidiano.
Pelo grupo O Realejo, Teatro da Comuna, Junho 1980
"São raros, neste momento, os grupos não institucionalizados, isto é, que se situam entre o teatro de amadores e o teatro profissional, produzindo espectáculos relativamente marginais à produçâo norma! do nosso teatro independente. Entre os que restam, dois são portuenses: “Rodaviva” que veio há meses a Lisboa, e também à Comuna, como então noticiámos, e o outro, este “O Realejo” que já depois de se ter deslocado a Galiza, veio até cá contar as suas histórïas.
Um espectáculo simples mas não simplista, uma criação colectiva (texto, cenografia, encenação) bem apurada, um bom-gosto de assinalar, tanto a nível plástico como musical, alguma imaginação, referências políticas q.b. - e aí temos um espectáculo agradável de se ver e ouvir, sem pretensões a grande espectáculo mas preenchendo melhor essa função primordial do teatro que é comunicar de que certos grandes espectáculos.
«Sementiga Plum!» inicia-se como uma brincadeira que se vai transformando numa coisa séria, sem no entanto perder esse ar de jogo que justifica tratar-se de um espectáculo para grandes e miúdos. Mesmo assim devo dizer que preferi o grupo sempre que não se tomou a sério (aparentemente) e o espectáculo sempre que não pretendeu dizer coisas sérias. Não porque as coisas sérias não devam ser ditas, mas apenas porque nesse momento o espectáculo adquiriu um ar de já visto, do repetitivo: os baiões, os assobios, as unhas grandes que rebentam os baiões, as batas cinzentas que é como quem diz os sinais que marcam os bons e os maus Com a agravante, ideologicamente perigosa de para vencer os maus como se impunha, serem os bons obrigados a esperar que aqueles adormeçam. Ora, mal de nós se esperássemos que a reacção fechasse os olhos para dar cabo dela. Éramos comidos antes disso.
O espectáculo decorre como um conto em que se contam várias histórias, que são ilustradas através das páginas tridimensionais de um grande livro. O cenário é a reprodução em ponto grande desse livro e, como ele fecha-se no fina!. Eis um bom achado cenográfico.
Os actores mimam, saltam, falam, cantam, como se o fizessem há muito tempo, apesar da sua juventude. Tudo isso é o resultado de um trabalho que levou mais de quatro meses (além dos que já estavam para trás). Um trabalho oculto, ignorado, humilde, que só ê possível, tão desamparado como vive, em quem faz do teatro, da comunicação com o mundo e da sua transformação um oficio do quotidiano.
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